martes, 16 de junio de 2009

Régis Bonvicino, Clichês sobre Michael Jackson



Leio e ouço, entre atônito e… risonho, os clichês da mídia brasileira sobre Michael Jackson. Os clichês evidenciam que não há, por aqui, indústria do entretenimento capitalista estruturada e, consequentemente, jornalismo de entretenimento com algum nível. Sou da mesma geração que Jackson. É interessante observar como ele pauta sua própria morte.

Os videoclipes do álbum Thriller (1982) não existiriam sem um documentário do cineasta francês Jean-Luc Godard, que, em 1968, filmou, num longa-metragem, os The Rolling Stones ensaiando a canção “Sympathy for devil” – a película ironizava, profeticamente, as revoluções ideológicas dos anos 1960 (marxismo-leninismo, movimentos de independência de países africanos, a contracultura, o maio de 1968 em Paris). Chama-se One plus one.

Dois anos antes, outro gênio do cinema, o italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), lançava Blow-up, que, entre inúmeros outros aspectos, trouxe a primeira cena de nu frontal feminina do cinema de arte, com a cantora pop e atriz Jane Birkin. Conhecido no Brasil como Depois daquele beijo, a obra inventou o primeiro videoclipe de uma banda de rock: os The Yarbirds interpretavam uma de suas canções no final. Não há clipe mais efetivo do que este. Nem mesmo os trabalhos de Martin Scorsese (um ótimo diretor) e John Landis para as canções de Thriller – a obra-prima multimídia de Jackson e o de Spike Lee (ótimo diretor também) para “They don’t really care about us”, gravado em Salvador e no Rio de Janeiro.

É fato que Michael Jackson foi, só ao lado de Quincy Jones, um mestre em sua síntese de rhythm and blues, soul, rock, Frank Sinatra (1915-1998), Hollywood e Fred Astaire (1899-1987), mas não um inventor, como foi outro músico negro, Jimi Hendrix (1942-1970), que, em quatro álbuns, de 1967 a 1970, alterou a música contemporânea (e não apenas a cena rock ou pop) para sempre, trabalhos até hoje insuperáveis. Jackson não tem sequer o refinamento musical de outros gigantes da Motown, como Marvin Gaye, nascido em 1939 e assassinado pelo pai em Los Angeles, em 1984.

O guarda-roupa de Jackson me lembra a capa de Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band (1967), dos Beatles, na qual a moda das roupas de exército foi lançada, todavia, naquele momento, com algum sentido crítico contra o autoritarismo e a guerra do Vietnã. Sem os Beatles, ele não existiria, igualmente. Sem a Pepperland, do filme Yellow Submarine (1968), no qual os azuis atacam a cidade, o amor, a música e as cores, Michael não seria nada. Neverland – o nome de seu rancho – vem de Pepperland e é uma citação de segunda via de Walt Disney (Peter Pan). Sua vida artística está em Yellow Submarine. Aliás, seu melhor trabalho (Thriller) é inferior, estética e politicamente, aos melhores álbuns dos Beatles, como o The White Album (1968) ou Abbey Road (1969).

Não há trânsito entre elementos da alta cultura para a cultura de massa na obra de Jackson, como havia no trabalho da banda inglesa e de Jimi Hendrix, que fazia jam sessions de música eletrônica, rock, blues etc. Jackson não existiria também sem James Brown (1933-2006) e, sobretudo, sem Mick Jagger: toda a sua performance de palco vem do front man dos Stones, este muito mais afrontoso e inovador do que ele. Não ouso compará-lo com John Coltrane (1926-1967), Thelonious Monk (1917-1982), Miles Davis (1926-1991) e outros gigantes do jazz norte-americano. Não ouso compará-lo a Bob Dylan. Jackson não chega perto de Jim Morrison (1943-1971) e The Doors ou de Janis Joplin (1943-1970). Está longe de um Lou Reed. E a milhões de quilômetros do jovem Elvis Presley (1935-1977). Todavia, Michael quis a grandeza, foi buscar os grandes! Preencheu o último vazio do show business!

Jackson é um produto da cultura rock, na qual se inclui a Motown, em sentido amplo, pois ele não saiu desses limites, o que não subtrai a importância de seus principais trabalhos e tampouco a devoção de seus fãs; mas essa devoção tem um significado nítido: a transformação da mídia (e da crítica musical) em press release da indústria do entretenimento. John Lennon (nascido em 1940) calou-se – em depressão profunda – depois de ser implacavelmente perseguido por Richard Nixon (1913-1994) e pela cia, em virtude de sua militância política pelos direitos humanos. Foi assassinado em 1980 e, de verdade, sabe-se lá por quem ou se a mando de quem. Jackson tornou-se garoto propaganda de Ronald Reagan (1911-2004), visitando-o na Casa Branca e emprestando seu prestígio ao político conservador, a serviço da impiedosa globalização do capitalismo selvagem, que, hoje, vigora.

Michael já era – como ele mesmo dizia – um veterano dos palcos quando se tornou adolescente. Sua carreira acabou após o sucesso estético e de público de Thriller, aos incríveis 24 anos. Ele representa a infantilização da cultura ou a extinção da cultura pela infantilização. O que mais me fascina nele são seus conflitos, que não ocultou de ninguém. Era um homossexual visivelmente assumido, mas que desejava ter filhos. Encarnou a tentativa de superação da “feiúra” negra, tornando-se um monstro branco. Era fisicamente frágil, embora tivesse performance leonina nos palcos. Não foi atraente, como Jagger em seus anos de juventude, mas “sexy”, uma capa de revista. Não quis, como qualquer um, envelhecer. Fez caridade e não política (ou seja, política de direita). Foi infeliz. Morreu infeliz.

No Brasil, os conflitos dos “astros”, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, se encerram tão logo a conta bancária começa a aumentar: transformam-se em burgueses e oligarcas – ao contrário de Michael. Recuso-me a falar de tolices maiores como Ivete Sangalo – o nada do nada. Por curiosidade, espiei a lista dos cds mais vendidos hoje no Brasil e deparei-me com os padres Fábio de Melo e Marcelo Rossi. Jackson respondeu a alguns duros processos judiciais com altivez. Fez fortuna, faliu. Vendeu 750 milhões de álbuns. Aliás, sozinho, deve ter vendido mais discos do que a soma de todas as vendas da indústria musical brasileira em todos os tempos. Morreu como qualquer um, de um reles infarto do miocárdio, por overdose de si mesmo (ou de uma droga qualquer, o que é comum), no entanto, a indústria vai, uma vez mais, usá-lo para fabricar a maior morte do mundo. Não terá paz nunca.

(Fuente: http://www.sibila.com.br/index.php/critica/667-cliches-sobre-michael-jackson)

Michael Jackson, You are not alone



Another day has gone
I'm still all alone
How could this be
You're not here with me
You never said goodbye
Someone tell me why
Did you have to go
And leave my world so cold

Everyday I sit and ask myself
How did love slip away
Something whispers in my ear and says
That you are not alone
For I am here with you
Though you're far away
I am here to stay

You are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart
You are not alone

All alone
Why, oh

Just the other night
I thought I heard you cry
Asking me to come
And hold you in my arms
I can hear your prayers
Your burdens I will bear
But first I need your hand
So forever can begin

Everyday I sit and ask myself
How did love slip away
Then something whispers in my ear and says
That you are not alone
For I am here with you
Though you're far away
I am here to stay
For you are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart
And you are not alone

Whisper three words and I'll come runnin'
And girl you know that I'll be there
I'll be there

You are not alone
I am here with you
Though you're far away
I am here to stay
You are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart

You are not alone
For I am here with you
Though you're far away
I am here to stay
For you are not alone
For I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart

For you are not alone

Silvina Ocampo, Para un tirano



Oh soledad del árbol y del río
sangre del trébol rojo y de las hierbas,
rocas heridas por las guerras vanas,
aquí yace un tirano desdeñado:
no lo recibas en tus senos hondos
donde renacen tus constantes flores.
Oh muerte, tú que abrazas bellas vidas
no mereces un huésped tan abyecto.
Este favor te lo pidió la tierra;
te lo agradecen aseveradamente
con sus hombres sonrientes, sus balcones,
con sus fieles pañuelos y banderas.

Qué inesperada dicha has repartido,
oh muerte, tú que estabas habituada
a recoger el llanto de los hombres.

Orwell tenía razón

Leo a uno de los teóricos de la Escola da Complexidade-paradigma emergente, nueva ciencia, superación del racionalismo, etc- Humberto Maturana y me encuentro con esta frase:"When one puts objectivity in parenthesis, all views, all verses in the multiverse are equally valid".
Dejando aparte las similicadencias que remiten a Baltasar Gracián,¿qué pasa cuando el paréntesis desaparece?
La respuesta la tengo en las pautas de publicación de la Escola: Os conteúdos postados na Escola da Complexidade (por meio do blog, espaço de diálogo, página pessoal, vídeos, eventos ou comentários) que não estejam em conformidade com os propósitos da Escola serão deletados imediatamente, sem aviso prévio.

Como bien decía Orwell: todos los animales son iguales, pero algunos animales son más iguales que otros

Beethoven, Minuet en Sol por Mischa Elman



Mischa Elman (1891-1967) had his early training in Odessa with Alexander Fidelman, a pupil of Auer and of Brodsky, before himself becoming a pupil of Auer in St Petersburg. He appeared in Berlin in 1904 and in London the following year, giving his first New York concert in 1908, and settling in America in 1911. He had a highly successful career as a soloist, a chamber music player and in the recording studio, and was said to have acquired his characteristically warm tone in part, at least, from the influence, at second hand, of his grandfather, a Jewish folk-musician. He recorded the Violin Concerto by Wienawski, Auer’s predecessor in St Petersburg, in Philadelphia in 1950, with an orchestra conducted by another Auer pupil, Alexander Hilsberg (De la nota biográfica del sello Naxos, http://www.naxos.com)

Alfred Brendel, Bagatelle op.126/4, Beethoven



Alfred Brendel-nacido en 1931 en Checoslovaquia y nacionalizado austríaco- es pianista, poeta y escritor.Publicó Musical Thoughts and Afterthoughts (1976)en edición simultánea en Inglaterra y estados Unidos; On Music. Collected Essays (2001)y cinco libros de poemas: Fingerzeig. 45 Texte (1996), Störendes Lachen während des Jaworts. Neue Texte (1997),Kleine Teufel(1999), Ein Finger zuviel (2000) y Spiegelbild und schwarzer Spuk. Gesammelte und neue Gedichte (2003). Más información en http://www.alfredbrendel.com/

Enrique Lynch, Pa amb tomàquet (3)

Fui a una presentación que no era una presentación, de un libro que no era un libro,en una galería de arte donde se exponían además unos cuadros que no eran obras de arte.Figuraba que yo era amigo del autor; pero no lo era, y el autor, por otra parte, no se consideraba a sí mismo un autor; y, por cierto, sólo simulaba ser mi amigo. De modo que quien presentaba el libro no lo presentó porque-según dijo- creía que no era un libro presentable.
Dijo:
-Dejemos hablar a la poesía. Y se limitó a leer un par de poemas incluídos en el libro.
A mí me pareció un gesto de desaire hacia el autor, pero no fue así, porque el autor no respondió nada, incluso tuvo palabras de agradecimiento hacia una presentación que había sido a todas luces insuficiente.
Al final, casi enseguida de haber comenzado-porque todo fue muy rápido- llegó el momento de las copas (siempre hay un momento en que aparecen las copas), pero no me quedé para el brindis. No importa, seguro que no fue un brindis.

Jacqueline du Pré-Daniel Barenboim, Beethoven, Sonata para Cello




En el video, Daniel Barenboim al piano y Jacqueline du Pré, su entonces mujer, en cello

Enrique Lynch, El artista

Daniel Barenboim está concentrado en la ejecución al piano de una sonata de Beethoven. Su espalda está rígida y perfectamente integrada al taburete sobre el que está sentado.Su cabeza se mantiene también firme aunque levemente inclinada hacia adelante de tal modo que su postura aprieta la papada y hace que parezca más gruesa y prominente. La cámara lo enfoca de perfil y al aproximarse a su silueta característica de pianista, se detiene un rato en su mirada: Barenboim se encuentra en estado de concentración absoluta, por completo absorto, con los ojos clavados sobre sus manos, como si quisiera asegurar la conexión perfecta entre la partitura memorizada y la parte de su cuerpo encargada de ejecutarla. Por la expresión de su rostro uno supone que esos ojos no están mirando nada en absoluto, que están como invertidos, como si se hubieran girado hacia adentro en un gesto extraño, de gran expectación, que revela la inminencia de un momento crucial: va a producirse el acoplamiento milagroso y tan preciso como un mecanismo de relojería entre un hombre y un instrumento. Su mirada es la de un yo que parece haberse detenido, paralizado en su sentido íntimo.
Sin duda nada de la escena es casual, alguien la ha dispuesto con mucho cuidado. Barenboim está en una amplia estancia, solo, y rodeado de grandes ventanales. De la pared del fondo sobre la que se recorta el enorme piano de cola se destaca el rojo de un gobelino y el oro de los estucos que lo encuadran y los cristales de los ventanales que separan la sala de una fuente de luz exterior que no se alcanza a ver. La imagen se ajusta a la presentación tópica y convencional del pianista, pero la cámara se esmera en la composición de cada detalle. Se detiene un momento en la cabellera del artista, que empieza a encanecer, enfoca la doble cola del frac que cae con elegancia por detrás del taburete, el negro sobre el rojo (o el rojo sobre el negro) y se fija por unos instantes en las manos que se mueven con agilidad asombrosa, como dos arañas expertas sobre el teclado. Todos estos detalles valen (y placen)por ellos mismos.
Al cabo de un rato compruebo con sorpresa que no es la música lo que me ha seducido hasta atar completamente mi atención aunque la sonta sea, como es obvio, magnífica, sino la peculiar armonía del conjunto que forman la ejecución, la pieza, el escenario, la luz y esa mirada única, que he visto muy pocas veces, completamente vuelta hacia adentro.Entiéndaseme bien: la música es maravillosa pero en esta ocasión uno no puede atender sólo a una audición sino que se ve llevado a celebrar una consonancia que no es técnica o inspirada o simplemente virtuosa sino que ha sido elaborada con todo rigor y tras innumerables ensayos para un propósito que no es solamente musical.Es como si alguien hubiese querido darnos la representación cabal del artista.La consonancia es el artista.Barenboim-o quien lo haya filmado-ha puesto música y escenario a una investidura mágica construida igual que la partitura de Beethoven. Una compleja maraña de armonías que se montan sobre otras armonías y cuya regla de composición sigue una clave que no podemos apresar pero que no obstante nos encanta.(...)
Descubro de golpe que en el fondo soy un clásico, probablemente igual que el propio Barenboim. Pero esa forma abrupta, intempestiva, de poner un rótulo a mis gustos me resulta muy poco significativa. Lo clásico, lo romántico, son distinciones irrelevantes, académicas, ingenuas, como todas las distinciones y categorías de la estética y la teoría del arte. La escena no sirve para sustanciar ninguna especulación teórica sino como fundanento de un juicio que estalla en mí como un pantallazo. Parece fuera de toda duda que yo como tantos(hay tantos, tantísimos como yo), no soy capaz de constituir una armonía semejante a ésa, que jamás lograré producir una coincidencia comparable.Conclusión que antecede a otra aun más dolorosa: de pronto comprendo que mi incapacidad de alcanzar ese grado de precisión armónica significa que no sé producir nada que sea en verdad maravilloso; o sea, que no soy, que no he sido ni seré nunca un auténtico artista.


Enrique Lynch nació en Buenos Aires en 1948."El artista" pertenece a su libro Prosa y circunstancia (Taurus, 1997)

viernes, 12 de junio de 2009

Tsugumi Oba-Takeshi Obata, Death Note 3 DE 3

Claudio Rodríguez, Ajeno




Largo se le hace el día a quien no ama
y él lo sabe. Y él oye ese tañido
corto y duro del cuerpo, su cascada
canción, siempre sonando a lejanía.
Cierra su puerta y queda bien cerrada;
sale y, por un momento sus rodillas
se le van hacia el suelo. Pero el alba,
con peligrosa generosidad,
le refresca y le yergue. Está muy clara
su calle y la pasea con pie oscuro,
y cojea enseguida porque anda
sólo con su fatiga. Y dice aire:
palabras muertas con su boca viva.
Prisionero por no querer, abraza
su propia soledad. Y está seguro,
más seguro que nadie porque nada
poseerá; y él bien sabe que nunca
vivirá aquí, en la tierra. A quien no ama,
¿cómo podemos conocer o cómo
perdonar? Día largo y aun más larga
la noche. Mentirá al sacar la llave.
Entrará. Y nunca habitará su casa.

Eduardo Espina, El cutis patrio


No es fácil entrar en el universo de Eduardo Espina. Hay que pensar no tanto en leer un libro barroco como en disponerse a leer barrocamente. Así como frente a una novela policial el lector busca acompañar al detective en el descubrimiento de indicios en la escena del crimen, aquí lo recomendable es dejarse estar, abandonarse a una escucha intermitente de sonidos, al susurro de abejas que-como en el verso de Garcilaso- se recorta nítido contra un fondo de silencio.
Este hermoso libro, con su abigarramiento melódico-que se aprecia, creo, siguiendo más el ritmo interno de las frases que el aparente límite de los versos- con sus fábulas desarticuladas, con sus cadenciosas similicadencias, con su costumbrismo diluido en el paisaje y el cosmos, es un libro que construye su propio dialecto.(O -como si se tratara del último hablante-idiolecto: el espinés).
Libro que se sostiene en su propia levedad, El cutis patrio es un poemario sobre el lenguaje y el cercano oriente: la "tibieza nativa" del paisito se revela omnipresente.El epígrafe de Hugo von Hofmannstahl- las almas huyen del guarismo a la visión- es el punto de sintonía que propone Espina en esta renovada y coherente instancia de su poética.


No es menos digno de celebrar el designio de Francisco Garamona-poeta, músico, librero,editor- en ampliar, con este libro de Eduardo Espina, el ya frondoso y variado catálogo de la editorial Mansalva.


El pacto de los significados
(Una interpretación en cuotas)

Vistas las nubes que para el ojo
de lejos son el jaspe inesperado
y una foto jadeante del río Tajo.
Para los cirros, recién arrecian.
A pesar del certamen, relamen
el alma con lengua aguada que
deja a las esponjas la respuesta
después del luto con útil playa,
porque las huestes al Este iban,
a tomar sol cerca del agua tibia.
Con la estatura detenían la tela,
un tiempo parecido al porvenir.
No están solas en el incensario
ni saben cómo sonarse la nariz.
El color loro de las berenjenas,
espiado y apostando a la salida,
del día sabía de veces similares.
Nunca ha estado tanto siempre.
En el país del pampero mojado,
dejan la decisión para el trébol
al atardecer; el área de lo aéreo
haría de hoy antes tan después,
el lado terrestre (entre los tres)
arrastra a la gesta algo general,
la nación a la cual dan cuánto,
la otra mitad que los persigue.
Del azoro se sienten seguidos.
Oyen de lado la ambivalencia
el retorno genial por la región
a pararrayos desconocidos, ah
las cosas como nunca serán
insuficientes, a las lacias olas.
La pleamar queda para morir
oral en la reyerta con náyade.
Su posición entre el tiempo y
la espuma es más o mesnada
de luz un sábado a la semana.
Mientras la lluvia se atreve a
ser el cielo de ellas, las nubes,
abunda como esta vez un ave
vertical, un año para mañana
añorando al ñandubay menos
cierto por saberlo demasiado.
Y lo demás, cuan mensaje de
quien dice hablar cuando ve
(la patria de tal queda vista).
Todo está para existir seguro:
la tumba del bisonte a vibrar
desprovista, el bayo mojado
por la mies jamás comienza.
Y lo demás, de esta manera.
Celeste o estambre de aguas
áridas por los arroyos del yo
cuando un rayo llama, turban
la voz a bordo de los nimbos,
viajan aun mejor que siempre,
y llueve: por ser jueves, llueve.
En el aire, en un río, en, llueve.
Despierta la cauta agua al dejar
de atreverse, salva un batracio
al esmero poroso del solsticio,
la temperatura a su tercer día.
Debajo, como los símbolos
lo saben, la historia es otra.

Librería La Internacional Argentina




Francisco Garamona

Foto: Laura Crespi, loshechizados.blogspot.com

Quien quiera conocer una excelente librería-especializada en primeras ediciones- hará bien en pasar por la esquina de Gascón y El Salvador.Allí se encuentra La Internacional Argentina. Allí estarán Francisco Garamona y Laura Crespi, acompañándonos por la selva de papel. Allí estarán los títulos de la editorial Mansalva, y de otros muchos sellos alternativos, que no encontraremos tan fácilmente por otras partes.Allí podremos tomar una escalera y encontrar, en el estante más alto, una edición griega de César Aira.

viernes, 5 de junio de 2009

Axel Krygier, Echale semilla

Jack Spicer, quince proposiciones falsas contra dios



Carlos Godoy, Escolástica Peronista Ilustrada


(fragmentos)

el único
peronismo
es
el de su extinción

la historia
es peronista

un peronista es peronista
si
y solo si
premia lo miserable

bajar pornografía
y guardarla
en carpetas
tipo
"estadísticas 2003"
es peronista

el menemismo
es peronista

los simpsons
son recontra
peronistas

los artistas
que marcan tendencia
no son peronistas

Lauren Mendinueta

Debo al entusiasmo de Francisco Peña Rodríguez el conocimiento de Lauren Mendinueta. Leía salteadamente su página, hasta que un día me atrapó su comentario sobre Amarilis, la novela de Antonio Sarabia dedicada al último amor de Lope de Vega; otro día descubrí su nota sobre Cortázar y me alegró saber de María Fasce-Tiki- de quien había perdido el rastro; otro día leí a Teixeira; incursiono en la sección norteamericana y aparece Susan Sontag; leo autores que desconocía. Y en todos los comentarios, voy comprobando una sostenida pasión lectora junto a una infrecuente lucidez.

¿Algo más? Sí, la poesía de Lauren, hecha de vida y reflexión. La vida, como experiencia de relectura. (De poesía de la experiencia-de la experiencia rasante- está empedrado el camino de las buenas intenciones)

Si bien ya la agregué a Sitios recomendados, dejo aquí dos poemas de su libro La vocación suspendida (2008)


La voz íntima
No sé a dónde dirigirme, ni a dónde encaminar mi desconcierto,

para encontrar respuesta a mi afán de existir.

Ensayo la ficción del advenimiento de la renuncia

y finjo escucharme a mí misma en lo que veo.

Tanto tiempo malgastado en pensar:

cuando la voz se apropia de la mente, es otra quien habla.


La errancia y la proximidad

Para José Luís Rojas
El vuelo de las gallinas no es muy distinto

al vuelo de las horas;a pesar de los intentos fallidos

nunca aceptan su limitada naturaleza.

La hora es la medida indistinta del día humano,

la gallina cobarde de la inmortalidad divina.

Lo más lejano ocurre con la gracia de lo imposible,

mientras el presente se deshace, fluye.

El tiempo no se mide, se interpreta:

así lo enseña la música.

Francisco Peña Rodríguez, Mi viaje a la Argentina



A priori ir a Argentina no era uno de mis destinos para viajar porque no tenía intención de pisar ninguna otra parte que no fuera mi habitual paisaje quijotesco de La Mancha, hasta que un día sentí el irrefrenable impulso de ir a la Argentina con el necesario propósito de conocer a la poeta Karina Sacerdote. Había entrado en contacto con ella, por vez primera, en 2006, buscando entonces voces poéticas femeninas que me permitieran trazar un panorama y una teoría de la poesía actual hispanoamericana.
Quise viajar hasta allí de un tirón, en una sola tacada, sin ánimo de pisar otros territorios, con la intención de retener en la experiencia todo lo argentino. Llegué un domingo de abril y me alojé en el Hotel Castelar de Buenos Aires, un lugar acogedor en el que vivió el poeta Federico García Lorca todo el invierno porteño de 1933-1934 y que aún recuerda la magia de los singulares años treinta. Tenía apalabrado un almuerzo con la bella y mágica Karina ese mismo día y ella tenía previsto enseñarme las delicias de la carne y el vino argentinos y fascinarme con la inmensidad cultural de las librerías de la calle de Corrientes de la Capital Federal. Creo que ya en ese instante fue cuando divisé el alma de la poeta más prometedora de la Argentina de hoy. Allí me fasciné por ella y por su personal mundo azul poético.
De su mano, bajo su magisterio y su guía, la siguiente jornada asistí a un recital poético en que pasé un agradable rato con la irónica poesía de Rolando Revigliatti. Hasta allí se llegó, con la intención de conocerme, el singular y excepcional poeta Héctor Urruspuru, que más tarde me recitó en exclusiva (ante Karina Sacerdote) en el famoso Café Tortoni hasta el que fuimos caminando por las europeas calles de Buenos Aires con la enorme voz y la gran capacidad recitativa que tiene: jamás antes oí tanta profundidad e intensidad al emitir al sonido los magníficos versos del poeta argentino. También en el famoso Café Tortoni descubrí el whisky argentino y el mágico rincón de Alfonsina Storni, junto al que fotografié a Karina.
Vi mucho aquellos días a Karina; días que invertí en comprar libros y descubrir una maravillosa ciudad: un lugar que quizás pase desapercibido para los que lo habitan, pero que es inmensamente mágico para quienes nos acercamos. De tal modo que el día que vino después cenamos bajo una noche de verano en San Telmo acompañados de Ignacio Vázquez, un amigo de Karina que ha leído una inmensidad de títulos salvo a Ignacio Aldecoa, algo que solventamos con el regalo que le hice llegar: los cuentos del vasco y cuya conversación nos ilustró indeciblemente: la camarera que nos atendió, cuyo nombre desconocemos pero que inmortalicé con mi cámara, nos sacó algunas fotos que recordarán aquellos días de abril vividos en Buenos Aires.
Juana Roggero es otra fabulosa poeta porteña, amiga de Romina Freschi (a la que por sus obligaciones maternales no pude conocer), y a quien me alegro de haber conocido: tuvimos la oportunidad un año antes en Madrid pero no pudo ser. Ella, además de ser una extraordinaria poeta de lo cual da fe su magnífico libro y su original diseño, es una excepcional persona y la sobremesa en el restaurante asturiano de la avenida de Mayo me dejó un retrato con ella que me hace sentir orgulloso.
El jueves en la tarde conocí a la poeta Marcela Collins, quien acudió hasta mi hotel y junto a la que, caminando por la avenida de Mayo, pasé una agradable tarde frente a un whisky en el Café Tortoni, hablando de poesía, de historia, de literatura y de la vida. Más tarde, esa misma noche, Karina fue a buscarme para que nos dirigiéramos a la inauguración de una exposición de pintura en la que ya estaba Ignacio Vázquez. Conocí en ese momento a la bellísima y simpática Verónica Idiart, una mujer argentina singularmente hermosa y de extraordinaria conversación. La velada transcurrió entre San Telmo y los alrededores de Corrientes, acabando tardísimo después de la inmensa camaradería que consiguen la música y el alcohol.
De aquel viaje, que concluí con resaca a 12.000 metros sobre el nivel del mar en un avión de Aerolíneas Argentinas, me he traído una hermana del alma, muchos amigos, un país y una ciudad: por este orden Karina Sacerdote, Ignacio Vázquez, Héctor Urruspuru, Juana Roggero, Marcela Collins, Verónica Idiart, Argentina y Buenos Aires.
Madrid, 17 de mayo de 2009.

Gilda, Noches vacías

Gilda, Se me ha perdido un corazón


Gilda, Paisaje




Gilda -cuyo nombre real era Miriam Alejandra Bianchi- (Buenos Aires, 11 de octubre de 1961 - Ceibas, Entre Ríos, 7 de septiembre de 1996) fue y es una figura mítica dentro de la cumbia pop.

La leyenda cuenta dos versiones.Una, que siendo maestra jardinera en Villa Devoto, en un acto escolar parodió tan bien a las cantantes de cumbia y con tan buena acepatación del público, que decidió en ese momento su carrera de cantante. Otra, que viajando en colectivo se encontró con un amigo de la infancia -Toti Giménez- que se convertiría en su mánager y pareja.

Miriam adoptó el nombre artístico de Gilda,por el personaje que interpretaba Rita Hayworth en la película homónima y que transcurría en un Buenos Aires de utilería.

Gilda falleció en un accidente, cuando el colectivo en que viajaba fue embestido por un camión que venía de frente. El periodismo amarillista salió enseguida a hablar de un atentado y a recordar su parentesco con Daniel Scioli. Otros, cargaron las tintas sobre su mánager, quien sobrevivió al luctuoso hecho.

Tanto el lugar del accidente como la tumba de Gilda -en el nicho Nº 3536 de la galería 24 del Cementerio de la Chacarita - se han convertido en lugares de peregrinación de sus fans. A su fama de cantante, Gilda agregó el doble status de santa y milagrera. Sus seguidores le pedían salud, trabajo, bienestar económico; a la luz de la situación nacional de esos tres rubros, cabe suponer que la fe en Gilda ha decaído o que más vale no esperar milagros.

La fama póstuma de Gilda es variada. Los músicos que actuaban con ella armaron la banda Los Gorilas y en las fiestas por Santa Gilda que se hicieron en Belleza y Felicidad, sus canciones fueron interpretadas por Leo García.