lunes, 30 de marzo de 2009

Antonio Vieira

Nasce em Lisboa em 1608, mas o seu pai em breve parte para o Novo Mundo na qualidade de notário, seguido pela família que se instala em São Salvador da Bahia, capital da corte portuguesa no Brasil.

A adolescência passa-a no Colégio da Companhia de Jesus, o melhor estabelecimento do Estado onde fez bons estudos, até à decisão, aos 15 anos, de abraçar o noviciado. Votando-se à causa dos índios, aprende as suas línguas e os seus costumes durante as missões evangélicas. As terras são objecto de rudes convulsões e Vieira testemunha na sua juventude frequentes razias de piratas protestantes holandeses que saqueiam as igrejas católicas.

Em Dezembro de 1640, uma revolta no velho continente liberta Portugal do domínio de Espanha após a derrota de Alcácer Quibir evocada em "Non ..." (com efeito, desde o desaparecimento sem herdeiros do jovem rei Sebastião que o rei de Espanha detinha a coroa de Portugal).

O Duque de Bragança sobe ao trono sob o nome de D. João IV. A notícia é muito bem acolhida no Brasil onde o vice-rei envia a Lisboa, em sinal de concordância, o seu filho e dois jesuítas, um dos quais o Padre António Vieira.

Uma amizade profunda vai ligar o rei e o seu pregador. É o período em que o papel político de Vieira vai ser determinante. Ele está na origem de medidas económicas importantes; atravessa a Europa para afirmar um novo poder português e vai influenciar a sua política externa.

Em 1652, a Companhia de Jesus envia-o à província do Maranhão, na América do Sul, para fundar novas missões. A tarefa é delicada porque os jesuítas e os colonos opõem-se violentamente quanto ao problema dos índios. Os colonos portugueses no Brasil querem, antes de tudo, escravos para as suas plantações de cana de açúcar. Pelo contrário, os jesuítas pretendem catequizar os índios, colocando-os ao abrigo da escravatura. Vieira, que no passado defendeu apaixonadamente os negros transportados por naus vindos de África ("Vós sois as imagens de Cristo na cruz"), toma a defesa dos índios, e continuará a fazê-lo mesmo quando, mais tarde, os jesuítas mostrarem menos firmeza sobre esta questão. Vieira sabendo-se ameaçado pelos colonos, embarca secretamente para Lisboa e regressa com uma decisão real dando unicamente à Companhia de Jesus o estatuto de protectora dos índios.

O descontentamento dos colonos é tal que ele é expulso em 1661. Este envolvimento de Vieira com os direitos dos índios e dos negros sem dúvida que não é estranho ao facto de ele ser mulato pelo lado da sua avó paterna.

No seu regresso a Portugal, Vieira descobre todo um outro rosto da pátria: D. João IV morreu, ele já não é bem-vindo na corte e é exilado na província. A Santa Inquisição instrui o seu processo que decorrerá durante muitos anos. Felizmente que, quando sai a sentença, as intrigas palacianas são menos desfavoráveis a Vieira, o que lha aligeira.

Vieira parte então para Roma onde prega frequentemente em latim ou italiano, que aprende de propósito. O seu sucesso é imenso e o Papa concede-lhe uma "Breve de Isenção", colocando-o fora do poder da Inquisição de Portugal e Castela.

A rainha Cristina admira-o, quere-o como confessor, mas Vieira decide regressar a Portugal. Com o avançar da idade aparecem os primeiros sinais de uma cegueira progressiva durante a sua viagem de regresso, no sul de França. Última viagem. O Padre volta ao Brasil onde as cabalas e as acusações caluniosas ensombram os seus últimos anos, consagrados sobretudo à fixação do texto dos seus sermões, intentando publicá-los.

Quando morre, deixa uma obra considerável: duzentos e quarenta sermões e mais de quinhentas cartas. Sermoes 15 vols, 1679-1748, Cartas 3 vols 1735-1746, Historia do Futuro inacabada, 1718, Obras, 25 vols, 1854-1858

Vieira viveu, assim, todo o século XVII, época dominada por grandes transformações nas quais ele tomou parte activa: restauração da monarquia portuguesa, colonização das Américas, expansão do comércio, descobertas, lutas religiosas, contra-reforma... O filme apresenta o destino excepcional de um homem de carácter forte e através dele o seu século.

Vieira deixou-nos sermões traduzidos por si em francês e em italiano, que fazem a admiração de todos, mesmo os espíritos mais afastados da religião, e o filme restituirá as passagens mais ricas destes sermões, rodados nos locais onde foram pronunciados, em Portugal, no Brasil ou em Roma.

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